domingo, 8 de novembro de 2009

PESSOAS E CAMINHOS

Tentando coordenar as palavras...

Parece que palavras me escapam, porém sem ordem nem razão.

Um amontoado de idéias, pensamentos e expectativas. Todas giram dentro de minha mente, num emaranhado sem começo nem fim, e numa velocidade indescritível. Mas acho que consigo dar um título ao que pretendo escrever. Chamarei assim:

PESSOAS E CAMINHOS

Interessante como são as pessoas. Interessante nossa imensa capacidade de montar expectativas baseadas em meras suposições. Interessante como trabalha a nossa mente. Ela projeta características em outros que, na verdade, eu é quem preciso. Tenta montar um molde de uma pessoa ideal. Baseado talvez em experiências já vividas ou na tentativa da mente de corrigir situações frustrantes e desgostosas do passado.

E também são dignos de nota os caminhos pelos quais nos leva esta vida. Vida louca, passageira, efêmera, onde encontramos pessoas nas mais diversas situações e nos locais mais inesperados. Mas se procuramos não encontramos! O segredo é simplesmente viver, deixar-se levar pelas circunstâncias e deste modo seres especiais aparecerão em nossa vida.

Não. Não há como viver sozinho. A solidão destrói o homem. Pode levá-lo a total loucura, a um devaneio descabido. Precisamos de pessoas, amigos, amores, paixões, casos, vidas, seres... viventes que nos deem atenção, que retribuam o carinho, que nos façam sentir úteis nesta vida.

Muitas vezes pensamos que podemos moldar as pessoas. Como se elas fossem bonecos de barro, ou massas moldáveis de gesso, as quais pudéssemos esticar, amassar, dobrar, fazer tomar a forma que desejamos. Mero egoísmo! Por que as pessoas tem que ser exatamente como eu quero? Cada uma teve sua vida, seu gostos e desgostos, suas experiências boas ou ruins, seus desejos, seus anseios.

Alguma coisa é bom mudar, mas o caráter, este sim é firme como rocha inabalável. O demais... Este muda! Basta querer.

Aí que está! O que é o querer? As pessoas realmente querem, desejam, anseiam serem modificadas pelo meio, pelos amigos, pelos seus relacionamentos? Há de se convir que sim, pois é real necessidade do ser humano se colocar em meios sociais. E de ser semelhante àquele a qual chama de “próximo”. Mas alguns desejos não podem ser mudados. Estes podem entrar no patamar de caráter, como já relacionei. Ou então, são anseios que ainda não estão na hora de serem mudados, pois precisam de um tempo, de um porquê para serem mudados, da hora exata, do momento crucial.

Nem sei por que escrevo tudo isto. Talvez porque escrever me descarrega a ansiedade do coração. Talvez porque me tire a frustração, esconda meus medos e vergonhas. Ou seja um desabafo comigo mesmo. Uma vontade de colocar sentimentos em palavras, algo realmente impossível, mas é o que motiva os poetas, os compositores, os escritores e os loucos que amam escrever sem sentido e sem razão como eu.

Não conseguimos viver em nosso próprio mundo, no nosso eu particular. Precisamos de algo mais, como se uma parte do próprio eu faltasse, e esta tivesse que ser completada pela outra parte do seu eu, que se encontra em cada pessoa que passa pela nossa vida. Cada uma completa um pouquinho do seu eu. E passamos a vida buscando mais um pedacinho de nós mesmos em outras pessoas.

Acho que é por isto que apareceu algo louco chamado paixão. É quando você encontra uma grande parte do “eu” perdido em outra pessoa. Esta pessoa te oferece o teu eu, aquilo que você precisava, que você sempre buscava, mas que parece que, até este dia, estava compartimentalizado. No entanto, você descobre que está aí. Na tua cara, na tua frente, na tua vida. O teu outro eu, a tua parte que faltava, mas que ainda não te completa, porque a cada novo dia, uma nova parte de ti é completada, como um quebra-cabeça, com novas e diferentes peças a cada dia.

Para quem escrevo isto? Para meus amigos? Para meus parentes? Para meus amores? Para mim mesmo? Para meu terapeuta? Para um apreciador de palavras jogadas em frases desconexas? Não sei. Mas para qualquer pessoa. Sim, as pessoas. Aqui estão elas de novo! Sempre prestes a julgar, a tirar idéias de tudo, a montar conceitos e pré-conceitos.

Pessoas com palavras, com caráter, com idéias, com suas paixões, com o seu eu em formação. Pessoas! E caminhos, caminhos desencontrados, duplos, intercalados, paralelos, de mão única, na contramão, perpendiculares. Caminhos!

Pessoas em seus diferentes caminhos. São a alma do que escrevo.

Pessoas com suas várias formas de “eu”. Caminhos com suas várias formas de pessoas. Almas com suas diferentes formas de pessoas e caminhos. E o eu! Nada mais.

Jamil Júnior – Florianópolis, 07 de novembro de 2009.

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