quarta-feira, 24 de abril de 2013

O PARTO, A PROSTATA E A VINGANÇA - Luiz Fernando Veríssimo (Muito boa!!!)

Parto, a Próstata e a Vingança Ela com 19 e eu com 20 anos de idade. Lua-de-mel,viagens, prestações da casa própria e o primeiro bebê, tudo uma beleza. Anos oitenta a moda na época era ter uma filmadora do Paraguai. Sempre tinha ou tem um vizinho ou mesmo amigo contrabandista disposto a trazer aquela muambinha por um precinho muito bom! Hora do parto ela tinha muita vergonha, mas eu teimoso, desejava muito eternizar aquele momento. Invadi a sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho. Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir ao filme. Perdi a conta de quantas cópias eu fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos. Meu filho e minha esposa eram os meus orgulho e tesouro. Três anos se passaram ai nova gravidez, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro, tudo como antes. Como ela "categoricamente" me disse que não queria que eu a filmasse dessa vez, sem ela esperar invadi a sala de parto e mais uma vez com a câmera ao ombro cumpri o mesmo ritual. As pessoas que me conhecem sabem que em mim havia naquele momento apenas o amor de pai e marido apaixonado nesse ato. O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de meu orgulho. Nada que se comparasse ao fato de ela, essa semana num instinto de vingança, invadisse a sala do meu urologista, com a câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata. Eu lá, com as pernas naquelas malditas perneiras, o cara com um dedo (ele jura que era só um!) quase na minha garganta e minha mulher gritando: - Ah! Doutoooor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor! Meus olhos saindo da órbita fuzilaram aquela cachorra, mas a dor era tanta que não conseguia nem falar. O miserável do médico, pra se exibir, girou o dedão!!! Ah eu na hora vi o teto a dois centímetros do meu nariz. E a minha mulher continuou a gritar, como se fosse um diretor de cinema: Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar dessa vez. Vou dar um close agora... Na hora alcancei um sapato no chão e joguei na maldita. Agora amigos, estou escrevendo este e-mail, pedindo aos amigos, parentes e outro mais que receberem uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim. Eu pago o reembolso. (Luiz Fernando Veríssimo)

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